quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

HPV: O INIMIGO INVISÍVEL

                 


            Não é difícil reconhecer a sigla HPV. Tão comentado num passado próximo, o vírus (o nome completo é Papilomavírus Humano) traz a lembraça imediata do câncer de colo de útero (ou câncer cervical), da vacina que recentemente chegou à rede pública de saúde brasileira e da importância de prevenção contra as famigeradas DSTs.
                A fama do pequenino de mais ou menos 50 nm de tamanho se deve ao seu potencial carcinogênico (de causar câncer), especialmente o câncer de colo de útero - o segundo câncer mais frequente entre as mulheres, só perdendo para o câncer de mama. O que pouca gente sabe é que existem por volta de 100 tipos do vírus, e aproximadamente 15 deles tem potencial para originar um tumor, sendo que destes os mais perigosos são os tipo 6, 11, 16 e18 (relacionados a 90% dos casos de câncer cervical).

Mas a que se deve esse poder maligno do temido HPV? 


Isso tem a ver com a genética do virus.
                Como a maioria dos vírus, o HPV é constituído de uma cápsula feita de proteínas (o capsídeo) que protege uma fita de DNA em formato circular, que contém as informações necessárias para produzir novos virus e alterar a célula infectada para que se submeta à vontade do invasor. Quando infecta uma célula, o virus expressa alguns genes específicos para alterar o metabolismo dela em seu favor, ou seja, utiliza parte das informações contidas em seu DNA - os genes chamados de Early (precoce, do inglês), ou simplesmente E - para fazer cópias desse mesmo DNA e obrigar a célula a se multiplicar com uma frequência muito maior, aumentando assim a taxa de multiplicação do próprio virus. Dois genes em especial, o E6 e E7, são os responsáveis por desregular a divisão celular, levando a  uma proliferação exagerada das células e orginando uma neoplasia (um tumor por definição - uma massa de tecido "defeituoso" e de crescimento anormal). Esse tecido afetado pode ou não dar origem ao câncer.

Genoma de HPV 16. Genoma de DNA circular de dupla-fita, mostrando a localização dos genes.
Adaptado de D'Abramo CM, Archambault J - Open Virol J (2011).

                Segundo artigo de 2011 (Infecção pelo papilomavirus humano: etiopatogenia, biologia molecular e manifestações clínicas), o vírus apresenta tropismo (uma certa preferência) por células epiteliais, podendo infectar a pele, mucosas ou a camada de tecido que reveste órgãos internos. "As verrugas são a manifestação clínica mais comum e características da infecção por HPV" ainda citando o artigo, e "transformações malignas (pré-cancer) se iniciam em geral na quarta e quinta décadas de vida e predominam nas áreas fotoexpostas (expostas à luz solar), sugerindo um papel importante da radiação ultravioleta."
                A transmissão se dá essencialmente por contato sexual (no caso dos 4 tipos citados anteriormente) e os homens desempenham muitas vezes o papel de transmissor do virus para as mulheres. As vacinas apresentam uma taxa de proteção de quase 100%, prevenindo contra os tipos de vírus 16 e 18, de alto risco, e os tipos 6 e 11, causadores de verrugas genitais benignas. Seu objetivo é dar  prevenção primária ao organismo , e não substituir o exame preventivo (Papanicolau), que rastreia o câncer caso já esteja em evolução. Vale sempre lembrar que "a detecção precoce de lesões causadas por HPV premite a utilização de abordagens terapêuticas menos invasivas", de acordo com o artigo O Papilomavirus Humano: um fatorrelacionado com a formação de neoplasias.


Microscopia eletrônica do vírus HPV.
(http://pt.wikipedia.org/wiki/V%C3%ADrus_do_papiloma_humano)

FONTES:

http://www.inca.gov.br/rbc/n_51/v02/pdf/revisao2.pdf

http://www.incthpv.org.br/default.aspx

http://www.scielo.br/pdf/abd/v86n2/v86n2a14.pdf

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