domingo, 24 de maio de 2015

SÉRIE JOVENS CIENTISTAS [ENTREVISTA] LUIZ FERNANDO BORGES

Nome: Luiz Fernando da Silva Borges      Idade: 16 anos

Cidade: Aquidauana        Estado: Mato Grosso do Sul

Instituição: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul – Campus Aquidauana



1. Como surgiu seu interesse por pesquisa científica? 
            
              Por volta dos sete anos de idade, quando fui passar o final de semana na casa de meu primo, a mãe dele havia lhe dado o antigo kit de química: “Meu primeiro laboratório”. Este kit consistia em um conjunto de bisnagas com reagentes químicos, tubos de ensaio em uma estante de EVA, um conta-gotas e um manual que continha o “roteiro” de cada experimento. Quando ele abriu a caixa do kit e eu me deparei com todos aqueles materiais, foi incrível: Era a materialização dos instrumentos que os cientistas malucos, dos desenhos que eu assistia, usavam. Ele fez vários experimentos que faziam os líquidos borbulharem (desprendimento de CO2), mudarem de cor (indicador ácido-base), soltarem fumaça (reação exotérmica) e simplesmente desaparecer uma enorme mancha vermelha que tínhamos feito no sofá branco da mãe dele (“sangue do diabo”).
Kit de química: “Meu primeiro laboratório”
Disponível em:  http://www.gvbrinquedos.com.br/ecommerce_site/produto_17128_11503_Meu-Primeiro-Laboratorio-
 
                  Quando os reagentes já haviam acabado, ele me deixou ficar com o manual, que continha alguns experimentos que podiam ser feitos com materiais domésticos. Depois descobri vários programas na TV Cultura, como: “O Mundo de Beakman” e “X-Tudo Experiências”, que mostravam os mesmos experimentos que podiam ser feitos em casa. O que mais me fascinava era o propósito das demonstrações, os experimentos explicavam fenômenos da natureza que, na maioria das vezes, poderiam ser erroneamente respondidos com sonoros: “Porque sim.” ou “Porque Deus quis.”. Depois de aprender vários experimentos, gostava muito de demonstrá-los em qualquer ocasião, como se fossem truques de mágica. Minha jornada sempre foi guiada pela curiosidade e pelo espírito “hands on”. 


2. Como foi a decisão de fazer pesquisa científica?

            Depois de me apaixonar cada vez mais por ciências, por meio dos experimentos demonstrativos, minha descoberta da pesquisa científica está relacionada com a divulgação da FEBRACE (Feira Brasileira de Ciências e Engenharia), que era feita em pleno horário nobre na Rede Globo de Televisão! A chamada, narrada por Marcelo Tas (sim, um dos apresentadores do programa CQC), dizia:

            “Alô, alô meninas e meninos criativos de todo o Brasil, já estão abertas as inscrições para a FEBRACE (Feira Brasileira de Ciências e Engenharia) na USP. Para participar, basta criar um projeto do BALACOBACO com fundamento científico. Milhares de estudantes já mostraram: ‘A criatividade, traz a inovação.’ EUREKA! E você ainda tem chance de participar da Feira Internacional de Ciências, nos Estados Unidos. Acesse: www.lsi.usp.br/febrace, NÃO PERCA TEMPO!”.


            
                   Obedecendo o aviso da chamada que passava, em média, duas vezes a cada intervalo de novela e jornal, acessei o site e assisti todos os vídeos de edições passadas da feira. Infelizmente, devido à pouca idade que tinha (nove ou dez anos...), eu imaginei que a Febrace era uma feira de ciências como as que presenciava nas escolas de minha cidade, onde você pesquisa um experimento na internet e apresenta. Ao conversar com meus professores do ensino fundamental, nenhum sabia do que a feira nacional se tratava, ou mesmo conheciam os caminhos para a “pesquisa científica”, foi quando meu sonho de participar daquele evento adormeceu durante o ensino fundamental inteiro. Neste período então, me transformei em um ávido espectador das edições da Febrace desde 2008. Ficava cada vez mais impressionado com a possibilidade de participar da tal: “feira internacional” e, aos poucos, criei uma imagem do que era a pesquisa científica.
        Percebi que não bastava apresentar experimentos, mas que você tinha que ser o PROTAGONISTA de um! Foi quando meu amor platônico por ciências saiu do mundo das ideias e se tornou concreto. Seguindo um “método” especial, eu poderia controlar alguns fenômenos da natureza e até mesmo manipulá-los! Sem me dar conta, incorporei a visão do mito do titã Prometeu ao fato de ter poder sobre a natureza. Pra quem não conhece este mito, Prometeu era um titã que adorava enganar os deuses do Olimpo. Um dia, ele roubou o fogo sagrado do Olimpo e o entregou aos mortais. Ele nos entregou um poder que antes só era conferido aos deuses! Por causa disso, Zeus o acorrentou no alto do monte Cáucaso e por trinta mil anos, ele teria seu fígado devorado por uma águia. Como Prometeu era imortal, seu fígado se regenerava durante a noite e no dia seguinte, a águia o devoraria novamente, dia após dia, ad infinitum! Acredito que quando fazemos pesquisa, estamos honrando o sacrifício de Prometeu, exercendo um papel sobre o mundo antes apenas concedido a entidades espirituais fantasiadas.

                                 

Mito do Titã Prometeu: O crime o castigo.
Disponível em:  http://pt.wikipedia.org/wiki/Prometeu

              Quando eu estava terminando o ensino fundamental, soube da instalação de um Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia em minha cidade. Institutos Federais oferecem a grade curricular comum do ensino médio e o ensino técnico profissionalizante integrado. Foi uma das melhores notícias que já recebi, pois já havia notado que boa parcela dos participantes da Febrace era de Institutos Federais de Educação. Passei no exame de seleção para o curso Técnico Integrado em Informática em primeiro lugar e descobri que a pesquisa científica era cultura dentro da instituição! Foi quando, mesmo no primeiro ano, encontrei professores que estavam dispostos a serem os mentores de minha vida acadêmica. Aprendi que o tal “método especial”, para o controle e exploração dos fenômenos naturais, chamava-se: “método científico” e que as feiras de ciência eram uma forma de “mídia especializada” de divulgação de pesquisas de nível médio. Aprendi que tudo tinha que ser documentado, provado, etc. Lembro agora de uma frase do Adam Savage, um dos apresentadores do programa “Mythbusters”:

“Lembrem-se crianças, a única diferença entre fazer ciência e fazer bagunça é anotar tudo.” (Tradução não literal)

Disponível em:  http://weknowmemes.com/2012/10/the-only-difference-between-screwing-around-and-science/



Aprendi tudo o que pude sobre o método científico e o método de engenharia (ou tecnológico) na internet e comecei uma das etapas mais difíceis em ambas as pesquisas: a escolha do tema.
3. Qual o tema da sua pesquisa? Onde foi desenvolvida?
            
           Ainda regido por uma mentalidade de “ciência caseira”, conheci a cultura DIY Bio (Do It Yourself Biology), que consiste no incentivo a fabricação de equipamentos de laboratório de biotecnologia em sua própria garagem, com materiais relativamente fáceis de serem encontrados em hardware stores. Este movimento surgiu nos EUA como um hobbye que reunia entusiastas no fim de semana em fundos de quintal para trabalharem em projetos de biotecnologia. Fiquei impressionado com o quanto poderia ser feito com muito pouco, desde bactérias que brilham no escuro até biocombustível. Foi quando percebi que o “fazer muito com pouco” era uma característica inerente da ciência brasileira. Na maioria das vezes, com poucos recursos, os cientistas brasileiros têm que improvisar e adaptar todo dia se quiserem produzir.
               
              


Desde registrar e ouvir neurônios de baratas, bem como controlar o andar destas com um implante digno de cyborg e um app pra celulares até fazer iogurte que brilha no escuro, algumas realizações da “cultura DIY BIO”.
Disponível em: backyardbrains.com


            Um grupo, em especial, me chamou muito atenção, tratava-se de uma iniciativa para tornar mais barato um equipamento utilizado em laboratórios de biologia molecular chamado: “termociclador”. Ele consiste, em uma linguagem leiga, de uma máquina de xérox de DNA. Basicamente, você coloca o DNA que você quer copiar (ou amplificar) em um tubinho junto com alguns reagentes que vão delimitar o trecho (fragmento) que será copiado e outros que vão fazer a cópia em si. Estes reagentes têm que atuar em uma ordem específica sobre a cadeia de DNA para que a amplificação seja realizada e o “treinador” deste time de reagentes que diz para cada um quando sair do banco de espera e entrar no campo de DNA são picos de temperatura específicos.
            Esta amplificação é chamada de PCR (Reação em Cadeia da Polimerase) tanto que o nome original deste equipamento é PCR Machine. A PCR possui como principais aplicações: as médicas (Detecção de doenças causadas por mutações genéticas, testes pré-natal, identificação da compatibilidade de órgãos para transplante, detecção de câncer, entre outras.); na identificação de patógenos, causadores de doenças, de difícil ou lento cultivo em laboratório (HIV, tuberculose, E. Coli, entre outras); as forenses (Identificação de resíduo biológico da cena de um crime com comparação ao de um suspeito, testes de paternidade, entre outras) e aplicações em pesquisa (Sequenciamento de DNA, classificação de organismos, isolamento seletivo de genes, entre outras.).
Alguns termocicladores utilizam um bloco de prata banhado a ouro para obterem maior velocidade no aquecimento e resfriamento dos reagentes.
Disponível em: http://en.wikipedia.org/wiki/Polymerase_chain_reaction

         O termociclador cumpre o papel do treinador, o usuário deste equipamento programa os ciclos de temperatura e o equipamento os executará por meio do aquecimento e resfriamento de um bloco metálico com perfurações, em que são postos os tubinhos. Até aí nada demais, se não fosse o fato deste equipamento com esta simples função custar, em média, R$25.000,00! Não é de se estranhar quando o bloco metálico é constituído de prata banhada a ouro e o termociclador ter uma CPU inteira em seu interior. Este grupo então, propôs a criação de um termociclador de custo reduzido que chamaram de OpenPCR. Ele seria destinado aos centros de DIY Bio e instituições de ensino. A falta de publicações científicas sobre o Open PCR me limita a falar mais sobre ele, de modo que suas configurações poderiam não atender às necessidades de um laboratório profissional. Talvez porque o uso profissional nunca fora o objetivo de seus criadores.
A identificação de resíduos biológicos deixados na cena de um crime é uma das várias aplicações de técnica da PCR.
Disponível em: http://flowtv.org/2007/11/technofetishized-tv-csi-bones-and-regenisis-as-science-fiction-television/
                 Como a área de biológicas sempre foi a que me atraiu mais, decidi que ia levar este hobby a sério e construir minha versão de um termociclador que atendesse às demandas nacionais por este tipo de tecnologia. Ele teria que ter o desempenho equiparado a seus pares comerciais e com um custo várias vezes menor. Eu já possuía alguns conhecimentos necessários para começar a elaboração de um, mas aprendi que toda pesquisa precisava de um orientador. No início de 2013, propus minha ideia de um termociclador de baixo custo para meu professor de algoritmos, Leandro de Jesus, que coordena um grupo de robótica e prototipagem no câmpus de minha instituição, ele aceitou e começamos o projeto. No decorrer da pesquisa, programei várias inovações nos algoritmos de controle de temperatura do aparelho e em sua constituição física que não são encontrados nem na maioria dos aparelhos comerciais. 
Agora, em fevereiro de 2015, preparando-me para mais uma edição da Febrace e finalização do projeto, a fase dos testes com amplificações de DNA comparativas (em aparelhos comerciais e no meu) já começou. Até o meio do ano todos os resultados estarão compilados em um artigo que será publicado em um periódico da área de engenharia biomédica, que comprovará a funcionalidade de meu equipamento. Porém, posso adiantar agora que o desempenho deste foi muito maior que o de seu primo americano e seu custo ainda menor! 
Desta forma, Iniciei no fim de 2014 uma pesquisa que objetiva a criação de um gadget para smartphones que é capaz de detectar bactérias causadoras de infecções transmitidas por alimentos, e no começo deste ano iniciei duas novas pesquisas nas áreas de próteses neurais com biofeedback e interface cérebro computador. 

4. Houve alguma dificuldade em encontrar apoio para a realização do seu projeto?
          Em nome de apoio moral não, acredito que a maioria dos professores gostam de ver retorno em seu trabalho e trabalhar com estudantes interessados. Alguns professores são tão empolgados que até “jogam” uma pesquisa nas mãos dos alunos e os fazem apresentar como se fossem os protagonistas (algo que me incomoda muito em feiras “maiores”). Para o investimento, contei com bastante “mãetrocínio” e “paitrocínio” nos anos em que fui bolsista voluntário. Em 2014 ganhei uma bolsa de pesquisa de iniciação científica júnior do CNPq por me destacar na Febrace deste mesmo ano. Apesar de serem apenas R$100,00 mensais, o valor foi suficiente para manter a compra de componentes básicos para o projeto. As estruturas do Campus Aquidauana são suficientes para a construção do protótipo e estou contando com o Campus Campo Grande da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul para os testes com a amplificação de DNA comparativa.
5. Você já participou de feiras de ciências?
            

          O limite de uma constante é zero? Sim! Costumo fazer uma analogia com as feiras de ciência para estudantes pré-universitários e o mundo acadêmico: “As feiras de ciência são como as lanchas, ops...”. Melhor agora: “As feiras de ciência são como os Scientific Journals e a avaliação é como a revisão por pares.”. Penso até que a avaliação é ainda pior que a revisão por pares, pois é feita ao vivo! Minha primeira participação em uma feira de ciências foi em 2013, com o projeto do termociclador. Em 2011, descobri que havia uma feira de ciências e engenharia em meu estado chamada FETEC MS, ela é coordenada por um professor que já participou da coordenação da Febrace e foi o responsável pelas primeiras participações da delegação brasileira na Intel International Science and Engineering Fair, antes mesmo da existência da Febrace, o prof. Dr. Ivo Leite.


Em 2014, três trabalhos do Mato Grosso do Sul integraram a delegação brasileira para a INTEL ISEF, dois deles do IFMS.
Disponível em: https://www.flickr.com/photos/febrace/14037171019/
            Mesmo sendo a minha primeira feira, a FETEC MS 2013 me rendeu vários primeiros lugares e uma credencial para a Febrace 2014, onde fui classificado no 4° lugar na área de engenharias e quando tive o prazer de ver dois projetos de meu estado sendo selecionados para a Intel ISEF (Já disse que ela é maior feira de ciências e engenharia para estudantes pré-universitários do mundo?). Ano passado, meus resultados na FETEC MS 2014 não foram muito diferentes e agora estou me preparando para a Febrace 2015!

6. Como essa experiência influenciou sua visão pessoal da ciência?
            
             Foi a primeira vez que pude estar em um ambiente repleto de jovens como eu, com os mesmos interesses. Conversar sobre os desafios e as soluções que cada um enfrenta/desenvolve é uma experiência engrandecedora e que nos prepara para futuros problemas. No caso de feiras nacionais, estar imerso em um ambiente com culturas de todas as regiões do Brasil é uma experiência que todo jovem cientista tem que ter, ao menos, uma vez na vida. Aproveitar o tempo livre em feiras de ciência para criar uma network é indispensável para qualquer jovem pesquisador. Hoje tenho amigos de todo o Brasil e um bom punhado deles de outros países, pois podemos falar idiomas diferentes, mas a ciência é nossa língua e a vontade de inovar e fazer diferente é energia que nos move.

7. Na sua opinião, quais os maiores obstáculos ao progresso da ciência no Brasil? 


          O primeiro maior obstáculo que poderia ser resolvido em curto prazo seria a profissionalização do cientista. Sim, a profissão de “cientista” não é reconhecida, obrigando estes profissionais a lecionarem se quiserem exercer suas pesquisas nas dependências de uma universidade. Salvo algumas instituições particulares que os contratam como pesquisadores. Acompanho há algum tempo a luta da profa. Dra. Suzana Herculano-Houzel sobre este tema, e suas palestras sobre este assunto e suas possíveis soluções são muito interessantes. O segundo maior obstáculo é a dificuldade que pesquisadores brasileiros têm de conseguir auxílio financeiro para suas pesquisas, sendo que este só privilegia o alto escalão do “sistema de castas” do CNPq. O maior brasileiro de todos os tempos (racionalmente falando) foi Alberto Santos Dumont, um homem que nunca teve um título acadêmico, falou que iria voar e o fez! (Enquanto dava voltas na Torre Eiffel com seu balão, os irmãos Wright, ditos “pais da aviação”, estavam empinando pipa na praia da Califórnia. Sim! O inventor do voo controlado é brasileiro!).

            Já vi um cientista dizer que em certas regiões dos EUA você nem precisa ter formação acadêmica para conseguir patrocínio do governo, basta saber escrever um plano de pesquisa. Citarei como exemplo, o caso de um mecânico que inventou um dispositivo que salvará milhares de bebês na hora do parto com complicações, depois que viu seu amigo retirar uma rolha de dentro de uma garrafa de vinho com uma sacola plástica. E o último problema é o obstáculo da falta de incentivo à ciência, no Brasil. Fico maravilhado quando vejo que “Feiras de Ciência” é parte da CULTURA norte americana. É muito difícil pensar em filmes ou seriados que retratam o cotidiano de um estudante norte americano, que não tenha ao menos um episódio que leva o título de: “Feira de Ciência” (Manual de sobrevivência escolar do Ned, Drake e Josh, iCarly, Todo mundo odeia o Chris...). Desde as séries iniciais, eles aprendem que um “science fair project” deve ser feito propondo e testando hipóteses. 

Uma típica feira de ciências norte americana, retratada em vários filmes e seriados jovens.
Disponível em: http://www.sciencebuddies.org/science-fair-projects/science-fairs.shtml?gclid=COSVvq-Pv48CFVB1OAod2BA-dw

               Temos até mesmo uma referência à “Intel ISEF” no filme: “October Sky”, ou: “Céu de outubro”. É um filme baseado no livro de um cientista da NASA que retrata sua história e a de seus amigos ao descobrirem uma paixão por foguetes iniciada pelo lançamento do satélite Sputnik. Ao final do filme (spoileir alert), eles conseguem uma credencial para a “Feira Nacional de Ciências dos Estados Unidos”, que anos depois se tornou a Intel International Science and Engineering Fair. As crianças e jovens brasileiros têm que olhar para nossos cientistas da mesma maneira que olham para “celebridades”, jogadores de futebol, etc. Temos que mostrar que a ciência é, talvez, o maior meio de transformação social. 

            Parece que o brasileiro já nasce com uma capacidade inata para resolver problemas, imagine se todo o potencial criativo de nossos jovens e crianças fosse direcionado desde cedo para áreas acadêmicas? Imagine se nossas crianças e jovens crescessem assistindo: “Cosmos” e “O Mundo de Beakman” no horário nobre de grandes emissoras de TV! Imagine se nosso sistema educacional não fosse baseado apenas no ato de mensurar o quanto um aluno consegue vomitar de volta em uma prova, daquilo que foi lhe posto garganta abaixo durante as aulas! Imagine se nossos jovens não perdessem seu tempo estudando conteúdos que nunca irão utilizar em suas vidas acadêmicas para poder ingressar em um curso superior, mas sim fossem julgados por seus méritos e sua capacidade de fazer o novo! O diferente!


8. Um conselho a um jovem, um cientista em potencial

          Deixo aqui dois conselhos de vó... Dona Maria Laporta, em minha opinião, vó do maior cientista brasileiro vivo, Miguel Nicolelis: “Sonhar grande e sonhar pequeno leva o mesmo tempo de sono.”. Você vai gastar o mesmo tempo dormindo, mas o resultado do sonhar grande, do sonhar com impossível é muito maior que o sonhar com um sonho medíocre. Na busca de um objetivo impossível, mesmo que você não chegue no limite deste sonho, com certeza, em sua jornada em busca do impossível, produzirá feitos nunca antes vistos. 

            O segundo conselho, o mais forte deles se bem analisado, é: “O impossível é somente o possível que alguém não pôs esforço suficiente para torná-lo realidade.” Não entendo o porquê de algumas pessoas terem tanto medo do impossível quando estamos rodeados por ele todos os dias. Como ainda podemos dizer que o céu é o limite quando temos pegadas na Lua? A maioria das inovações tecnológicas bem consolidadas hoje, no passado, já foram considerados impossíveis. 
            E por último, um conselho meu, resultante dos dois primeiros: Quando nós, jovens cientistas, começamos a perseguir o impossível, temos que lidar com a reação da mediocridade que reina em nosso entorno... Pois você tem todo o direito de deixar de perseguir o seu impossível, mas não tem o direito de atrapalhar alguém de fazê-lo. Nem precisa ajudar, basta não atrapalhar, pois já propus várias ideias que foram consideradas como absurdas e que, tempos depois, foram realizadas por outras pessoas. Às vezes, vejo que alguns projetos de iniciação científica júnior, em feiras, têm um nível imensamente superior a alguns trabalhos de conclusão de cursos (TCC) de faculdades reconhecidas. Isso demonstra que muitos já deixaram de perseguir; ou talvez nunca experimentaram; seu sonho impossível. Logo, nunca ouça palavras de desincentivo infundadas, nem se partirem das mais conceituadas castas acadêmicas, pois elas, talvez nunca serão eternizadas, por nunca terem a audácia de produzir algo que as eternizará.


Todo jovem cientista deveria ouvir atentamente os concelhos de Miguel Nicolelis, considerado um dos 20 maiores cientistas do mundo, responsável por fazer um paraplégico ser o protagonista do chute inicial da Copa do Mundo de 2014.



            Para começar a conhecer melhor este “mundo”, sugiro a plataforma Aprendizagem Interativa em Ciências e Engenharia – APICE, desenvolvida pela Febrace em parceria com a Intel Education, que oferece cursos de capacitação para professores e alunos interessados em aprender o método científico e método de engenharia, bem como a organização de feiras de ciência (http://apice.febrace.org.br/)



            Lembrem-se: “Aqueles que são loucos o bastante para pensar que podem mudar o mundo... São aqueles que o fazem!”. THINK DIFFERENT







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